quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Odisséia.

Do alto da montanha mais alta, por onde ele tem estado solitário desde o início da nova era, o rei finalmente se levanta e enxerga além do horizonte. Percebe mais claramente do que nunca que seu tempo de espera acabou. Teve muito tempo para ponderar, experimentar e tirar suas conclusões. Aprendeu a definir cada campo de batalha, a saborear as vitórias e a aprender com as derrotas. Seu tempo de observador terminou. É chegada a hora de procurar novos caminhos e novas lições. O lago escuro e infinitamente profundo de águas rasas está mais agitado do que nunca. Feito tubarões famintos sentindo cheiro de sangue os habitantes dos lugares escuros se agitam e aguardam o chamado do seu rei para voltar aos campos de batalha. Antes porém, ele precisa se precaver, se prover, pois esta será possivelmente a mais longa de suas batalhas. Possivelmente a que definirá os rumos da guerra que vêm travando desde sua retirada ao seu Olympo. Por muito tempo ele pensou ter conseguido a paz em seu reino e fora afrouxando as amarras que prendiam sua razão. O tempo encarregou-se de mostrar que todas suas certezas novamente se firmariam ainda mais diante do espetáculo da vida. A maturidade veio arrebatadoramente do nada como um vento no meio da noite causando apenas um leve calafrio, mas mudando a história por completo. E por mais que se esforçasse para olhar para o outro lado a verdade achava um jeito de cuspir-lhe nas face aquilo que ele gostaria de não saber. Eis então que ele se levanta. Seu reino estremece de torpor pelo que está por vir.Ele olha ao redor e procura suas armas. Seu momento se aproxima, mas ele ainda precisa se preparar um pouco mais. Temos tempo.