quarta-feira, 10 de novembro de 2021

O couro do chicote não distingue o sabor da carne que machuca

 



Que delícia ver a patrulha sendo patrulhada. Ao cortarem um pedaço da matéria publicada na Folha, e tirarem todo o contexto, a patrulha ideológica finalmente rompeu as fronteiras e limites que protegiam seus comparsas. Agora tudo e todos estão sob o temido escrutínio dos bastiões da verdade e da justiça. Não existe mais lugar seguro. Não existe mais imunidade.

Como é bom ver o carrasco sentir na pele o gosto amargo do couro do seu chicote.

Uma amiga, debruçada sobre o caixão que guarde inerte o corpo de uma pessoa tão amada e querida, não pode lembrar dos inúmeros momentos felizes compartilhados e sorrir mesmo que momentaneamente sem que os abutres busquem “intervenções morais” que na verdade nada mais são que uma sede sensacionalista por cliques. Sorriso este certamente involuntário que consegue emergir por entre um mar de sofrimento e saudade que se anuncia diante da perda de tão amada amiga e companheira de palcos.

Existe uma conexão única, assim como tantas outras em outros momentos, que somente quem está em cima de um palco dividindo um momento mágico proporcionado pela música consegue entender. É um momento onde os olhares se cruzam e a ponte criada compartilha infinitas sensações e emoções. Um momento que será eternizado no coração de quem estava lá. Um sentimento puro, quase animal, que nenhum destes “patrulheiros do riso alheio” será capaz de experimentar um dia.

A liberdade de expressão morreu, e com ela se foram as possibilidades de debates inteligentes com foco nas ideias e fatos. Hoje em dia a narrativa, seja ela de qual lado parta, é mais importante que se calçar nos fatos para emitir uma opinião ou julgamento. Simplesmente a verdade não importa. Eu aprendi desde pequeno que toda história tem três lados, o meu, o seu e a verdade. Infelizmente hoje em dia cada um brande o “seu” como se fosse uma bandeira da salvação e faz de todos que discordarem inimigos mortais buscando destruir reputações, carreiras, vidas.

O cancelamento é uma doença que, graças a Odin, está atingido também os canceladores. E mesmo assim as vozes corajosas que se escondem no anonimato das multidões pela internet não aprende a lição e continua alimentando o monstro que está fadado a consumir a si próprio tal como uma cobra burra. Quando o termo “politicamente correto” apareceu eu temia por pelo futuro que é nosso atual presente. E advirto que ainda vai piorar pois os canceladores não gostam de ninguém, muito menos de seus iguais.

Existe apenas uma raça, humana. Aqueles que a dividem por etnia, cor, origem ou opções sexuais não faz parte dessa raça. Esse tipo de pessoa faz parte da raça de desgraçados infelizes, geralmente de bilau pequeno (independente do sexo), mal-amados e sem caráter. Cada opção deve respeitar a opção do outro, as tradições do outro e as opiniões do outro. E isso deve ser feito gostando e concordando ou não. Não gosta de gay? Não case com um. Não gosta de hétero? Não dê para um. Não gosta de preto? Então aprenda a cantar, jogar bola, envelhecer mais lentamente, gaste 40K para ter dentes mais bonitos e implante um braço de neném no lugar desse birro vergonhoso que você tem no meio das pernas. Só não encha a porra do saco de ninguém.