segunda-feira, 5 de julho de 2010

Rebirth






A chuva forte não abafa os gritos ao seu redor. O corpo pesado não suporta mais tantas feridas. A unica coisa que eles não sabem é que ainda existe uma coisa intacta no corpo caído a frente deles. Uma coisa tão forte e poderosa que muda o destino do mundo e permite ao homem alcançar Deus, mesmo que por instantes.

Séculos atrás o destino forjara algumas almas separadas das demais. Permitiu que elas lhe olhassem nos olhos e entendessem um pouco do que acontecia ao seu redor. Com um sorriso no olhar deu-lhes algo tão valioso quanto sua própria criação, a simpatia do destino. Desde então essas almas vagam pelas eras, pelas vidas, espalhando seu dom pelos caminhos que o destino o conduz.

Corações puros, encharcados com o conhecimento dos tempos. Intrínseco, inexplicável e inesgotável. Tamanho poder sem mesmo saber que o tem. Somente em alguns momentos chave em seus variados caminhos lhes é permitido um lampejo de iluminação, algo tão mágico e forte que não conseguem explicar. Simplesmente parece que uma luz cai em seus caminhos e as respostas se tornam tão obvias, nem sempre tão simples, mas que mesmo assim parecem mentira.

Com o passar dos anos não é incomum que esses momentos tornem-se cada vez mais raros devido ao acúmulo de impurezas adquiridas através da massiva exposição ao mundo exterior. Como existiu aquele que um dia sorriu para a beleza de sua criação também houveram aqueles que olharam para o outro lado e juraram perseguir e acabar com tamanha dádiva ao mundo dos homens. Desde então seguem de perto a luz buscando ofuscá-la com suas intrigas e sua escuridão extrema. Tornaram-se imperceptíveis até para os olhos do destino. Espalharam-se pelos sentimentos dos mortais e atacam em forma de guerilha, sem uma frente de batalha estabelecida, covardemente e sorrateiramente, sem rostos. Apenas pequenos gestos quase imperceptíveis a olho nu.

Colocam em seus caminhos expostos das formas mais cruéis e inimagináveis as falhas permitidas aos homens na esperança de desacreditar o coração mais puro e assim pouco a pouco apagar sua luz abrindo espaço para a escuridão. A cada luz que se apaga um novo monstro de fumaça surge sedento pela luz que não possui mais e que mesmo sem lembrar disso a falta o atormenta despertando ódio pelo objeto outrora amado.

Em sua frente estão alguns deles. Julgam-se vitoriosos. Mostraram toda sua maldade e durante anos castigaram das formas mais cruéis esse que se encontra sucumbido e sem forças diante de seus pés. Riem de tanta desgraça e da forma como extinguiram sua luz. Como todos os seres da escuridão, pequenos por natureza, egocêntricos e auto-confiantes. E como todos os seres dessa natureza incapazes de pensar dois passos à frente.

Totalmente cercado, rendido e derrotado, com o corpo tomado pela crescente escuridão ele crava sues punhos no chão, apóia-se sobre um dos joelhos e sorri. O que eles não sabem é que diante de si têm a obra-prima da criação do destino. Um espírito inquebrável, inabalável.

Sabendo que o jogo da vida seria jogado de forma desleal jamais vista antes o destino decidiu balancear as contas criando secretamente um grupo especial de almas. Algo impensável pelas tortas mentes inimigas do bem. Espíritos que além da luz do conhecimento e da sua simpatia mantinha um espaço neutro em seus corações onde a escuridão lançada era mantida, estudada, dessecada, entendida, assimilada e incorporada de forma que não o atingisse e sim o ensinasse a reconhecer tais agentes da anti-matéria.

Com o passar dos anos a quantidade de maldade foi tamanha que precisou de muito tempo para que tudo fosse corretamente processado. Com isso seu espírito ficou pesado, sujo e contaminado. Condição inversível para seus algozes e por isso considerada finita. Ledo engano.

Tudo que ele precisava era esse tempo para recuperar seu fôlego e digerir os últimos pedacinhos do que lhe fora covardemente atirado. Então aconteceu. Diante deles levantou-se algo que eles até então jamais haviam encontrado. Algo que só se revelaria quando a balança pendesse demais para  lado errado. Quando a escuridão estivesse tomando espaço demais da luz e sobrassem poucos focos de esperança na Terra, não falamos de tempo, sim de espaço. O tempo é relativo.

Ele olha nos olhos de espanto em sua frente. Eles estavam acostumados a ver a luz ou a escuridão, mas hoje descobriram que existe o cinza. Algo que possui o conhecimento dos dois mundos e não tem medo de usá-lo. Nesse momento perceberam que a escuridão atirada servira apenas de munição contra eles mesmos e que um espírito desse tipo é extremamente flexível e inquebrável, podem dobrá-lo ao extremo, mas ele volta. E cada vez mais forte.

Ele dá uma última olhada e reconhece os olhos daqueles que o cercam com maldade e intrigas, aqueles mesmos que são desprovidos de coragem para anunciar suas opiniões e quando o fazem precisam pedir segredo por não possuírem coragem para admiti-las. Então percebe o terror que sentem por não poderem mais se esconder atrás de suas máscaras. Limpa a poeira de sua roupa, olha para o céu e logo enxerga um lindo sol por entre as nuvens que se esvaem com o vento do novo tempo.

Atônitos eles não sabem como reagir. Esperam finalmente o ataque frontal adiado por eras através de seus disfarces e artimanhas. Mas o que recebem é um simples olhar 43, aquele assim ,meio de lado, indo embora, mas louco para derrubar vocês... Assim não sabem o que virá. Será a tolerância da luz ou a cólera da escuridão? Ou sairá algo da luz quando menos se esperar? Um herói com a dose certa, ou um pouco mais, da maldade que lhe fora atirada durante séculos... A vingança está servida, quando for seu momento você saberá...

Quando outros assim levantarem logo eles perceberão que sua maldade se volta contra eles e que um dia todos os espíritos terão o poder de banir a escuridão com a simples luz de suas presenças...

Espero por esse dia.

Espero pelo momento em que você faça o mesmo.

Boa segunda, uma ótima semana.

Beijo do gordo.

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