quarta-feira, 30 de junho de 2010

No caminho de volta ele sente algo picar no fundo do seu cérebro. Uma sensação aguda que balança os alicerces de seu espírito. Gela os ossos e encolhe a alma. Instintivamente ele levanta seus muros e ergue sua ponte. Quando se dá conta percebe ao seu redor o lago que o acompanhou por toda sua vida e que estava esvaindo seus mistérios para o mar. Sentado à beira do lago percebe nas sombras movimentos rápidos em direção ao lago e logo as sombras desaparecem levando consigo a chance de finalmente conhecer os que as habitam. Ou talvez não. Algo mudou. Ao invés de ser o impávido observador e mero coadjuvante ele senta e espera, sim, mas com os punhos fechados esperando a chance de finalizar sua luta. Sabe que se for tragado para o lago não haverá volta. Ficar sentado do lado de fora enquanto a escuridão brinda a luz com sua oposição quieta e sorrateira também não parece mais uma boa opção. A dualidade crítica impele a luta que dilacera a alma. Um surto de consciência trás a tona camadas de lições acumuladas durante o período de hibernação, ou auto-enganação como também pode ser chamado. E a pancada é grande, algo como uma balde de água gelado em uma manhã de inverno. A consciência entorpecida desperta. Será mesmo?

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